quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A menina que esperava pipas

Era uma vez uma menina que passava horas no quintal de seu avô esperando que uma pipa lhe regasse a tarde. Este era o seu sonho. E para realizá-lo ela esperava muitas e muitas horas, todos e todos os dias de seus finais de semana, reservados para visitar os avós. Mas nunca a pipa caía.

Essa menina gostava também dos trocados cruzados recebidos tradicionalmente em todos os encontros com o seu avô. Estes cruzados eram muito úteis, pois, com apenas um deles se comprava muitos doces, e com muitos doces muito se pode esperar.

Um dia, para alegrar a menina o velhinho fez um combinado com um menino da rua. Deu para este menino dois cruzados em troca da queda da pipa no quintal. Contou-lhe que havia uma menina esperando por isso, e disse-lhe também que se ele quisesse ele poderia passar lá para buscar a pipa de volta, mas não garantiu a devolução.

Chegando em casa o avô alertou a menina de que algo tinha acontecido. Ela então correu para o quintal, e em estado de êxtase quase não se moveu. Ficou tão feliz, tão corada, tão realizada e... Logo o menino bateu na porta querendo de volta a pipa.

A menina resistiu. Aquele garoto que surgiu ninguém sabe de onde não tinha o direito de em fração de segundos lhe tomar um bem tão valioso, que lhe custou tanta dedicação.

A resposta era não e foi não que o menino ouviu. Ela não devolveria a pipa, se o garoto espertamente não fizesse uma proposta tão irresistível: “te compro essa pipa por um cruzado”.

A menina olhou para o avô como se não tivesse sobre o que pensar, e aceitou o cruzado em troca da tão esperada pipa.

domingo, 7 de novembro de 2010

daquilo que te falei..

Diante de ti eu finjo

E sei que me enganas também

Não tem para que a coragem

Façamos de cada encontro,

Eternidade

Procuro explicar para o tempo

Por ele se faz entendimento

Procuro porque já passou

E eu não o fiz

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Abandono

-me

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Deus

Por um tempo
-um tempo que eu pensei
que não acabaria-
eu achava que ele tinha
me esquecido.
Mas hoje, em troca do
meu sono ele me deu
felicidade.

__________________________________________________________21-07-10

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Das Águas

Deitei-me com a chuva à noite escura
Falei-lhe da saudade e do beijo que eu dei
Ela, com os olhos mareados e um resto
de sorriso no canto da boca (como o meu)
disse-me: bela, se me contares um pouco
mais, não paro de chover
E eu, fechei os olhos, encontrei meu bem,
e disse-lhe: bom te amar!

domingo, 11 de abril de 2010

Férias

Nem nos dias de chuva
Ela sente saudade.
Um tanto de tristeza,
Outro tanto de coragem.
Uma mulher estrangeira
Da terra de... Sei lá.
Outra Maria da Penha,
Deixando este lugar.
Na ilha do medo
O quedo de poder
Não mais voltar.
Porque se perde o desejo;
Mas também porque
Quem procura
Pode achar.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Segredo

plantei cheiramoreijos
colhi um jardinho
de pitangueira

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

de Rai

Como as formiguinhas:
[des] envolver
[en] volver
ver
rever
revê-la
revelar
lá lar
onde brilha
o sol
de teus Rai [os]

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A lua nasceu
o sol choveu
o amor cresceu
quem ficou foi
eu
Fogo sobe
fogo sobre o livro dela
no mesmo instante
esqueço de mim
incêndio

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Vai, vai...


Acordar cedo todos os dias

Desenvolver essa longa agonia

Que é querer crer sem ser

Crescer

Down'choque

Idéia quando chega por si só
dentro da cabeça nunca
guarda o que pensou

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Só se for...

É vida que vai sem vem
um mau me quer sem bem
um eu não sei sem tal
um tudo bem sem tá
um querer mais sem ter
um tanto faz também
um cuidar bem sem ser
um eu já volto sem crer
um até logo por tchau
um vamos nessa sem nau
uma embarcação sem mar
um cruzamento sem transar
um distanciamento parado
um outro plano cruzado
uma opção desprovida
um beco para uma saída.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ainda já sei

Dormir
com o sol
Acordar
em brasa
Devastação, não
Reconhecer
mais
nada
Sair de
casa
nada
Casa
onde
Casa
como
com quem
Casa
quando
O vazio-ando-olhar
Não
passo
Mais adiante
não posso
voltar
atrás
Não apago
Não desfaço
Era só
digo
Sim

domingo, 24 de janeiro de 2010

0 peixe

... Guardou-a
Chave

Pois
Perdeu...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

seu Dé... "é uma marcha de carnaval"


Fu fi fu fi fu fi fu fi fi
Fu fi fu fu...
Por um singelo assobio, ele se anunciou lá em cima.
Eu cá, do outro lado do rio, fiquei calada, observando.
Parecia um repouso do tempo, um momento de descanso,
para lavar as três almas que compartilhavam o que podia
ser um encanto, naquele cantinho de meu deus.
O que ele vinha fazer tive uma eternidade pra suspeitar,
trazia dois baldes na mão, e um pedaço de sabão...
Nada poderia ser tão obvio, as roupas limpas estavam no balde.
Ele meio com vergonha, sem parar de assobiar, suspendia a cueca
e baixava a calça, para finalmente com pudor se banhar.
Era aquela a vida dele, e não importava se tinha mais gente por lá,
a vida é mansa demais pra se preocupar...
O seu sabão era tão grande que daria conta de lavar quantos
se dispusessem.
Foi ele, o senhor moreno que desceu as escadas.
Fu fi fu fi fu fi fu fi fi
Fu fi fu fu...
-vamos, meu bem.

Lucubração

Tinha de haver qualquer coisa boa,
mas não havia.
Só era beleza – de fora
Sorria e fingia.
Temperava tudo com sal e bastante açúcar – quando queria.
Sabia coser e ensinava a encruar,
porém, mais nada ela oferecia alem do bramido que fazia.
Nascida da moça do cais, com o amolador de tesouras,
cresceu com a língua afiada e com um bronze da cor sonante – cenoura.
Uma emboscada, grande decepção...