sábado, 28 de maio de 2016

sombrio das coisas vexosas

porra e sangue
porra e sangue
espalharam os trinta e três sobre minha carne viva
deflorada, infelicitada, despedaçada, humilhada, desgraçada
espalham-se os trinta e todos sobre minha'lma invadida
abafada, arrasada, perdida
colonizam a cada onze minutos
onze minutos
onze minutos as raízes de meu ventre arruinado 
arregaçado, destroçado, esbagaçado, desrespeitado, domado, tomado, fudido
porra e sangue
porra e sangue

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Dança da Chuva

Noite de chuva, rios de raios e trovôes
sono inquieto em busca de quem esbarrar na cama
insegurança e susto
não sei se era sonho
não sei se realidade inconsciente
Desde o deitar foi assim
um esbarrar e tropeçar em realidades talvez sonhadas
Ao acordar, coragem
De mim sei do saudoso desejo que fiquem os que estão indo
São muitos os que estão indo
Então recordo as despedidas e lembro de um amigo amor, de coração bom e que transborda pelos olhos e que vê beleza em tudo
Sei que ele adoraria dançar nessa tempestade

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Viração

Cura coração
Cura quem é são
Cura que a loucura
É o claro da visão
A loucura cria cura...
Crer pra ver...
Só mente que faz barulho, desmente que faz barulho...
Chamo Antônio, Gentileza, Maria Clara
Chamo Nininha, Sebastião, Nega Isaura
Chamo Ciço, Quorpo Santo, Zé Pilintra
Chamo Bispo, Ghandidi, Estamira
Luzeiros de uma ancestralidade desmedida...
Luzeiros de uma ancestralidade desmedida...
Sou seguido, perseguido, despercebido
Sou são, Perturbado, súbito clarão
Sou crença, descrença, sentença
Sou arrancar, arrastar, devastação
Joguete e antena de imensidão
Verso, anverso, robustez, tibieza
Língua de mantra, máscara de luz
Curva, Pajelança, beleza, fronteira
Mas podia ser só silêncio e minha voz não te contar
Dura viração
Purga vão desvão
Purga q’ alma insana
É o lapso, a questão
A loucura cria cura...
Saber ser...
Só mente que faz barulho, desmente que faz barulho...
Presídio, escola, celeiro, sanatório
Campo branco, mangue, viveiro, detenção
Aquário, pasto, gaiola, fortaleza
Curral, cova, cativeiro, edifício
Farol doido doído irradiado dano a ver
Farol doido doído irradiado dano a ver
Mexedor de raízes profundas, no terreiro
Conselheiro das vozes da terra, cintilação
Epifania, crise, tropeço bastardo, surtado
OráculU de moebius, pedra, pétala
Arauto xamã do lado de lá
Bárbaro apaixonado, estranha criatura
Salto carpado do próprio abismo
Divina cruz ornada de candura
Mas podia ser só silêncio e minha voz não te contar 

Sertão dend'a gente

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Amar O mar

O mar me quer
inteiramente doce
E eu
o desejo em sua completude 
de fluxo salino
em todas as marés
Quando vazo ou transbordo 
O mar me quer

Medonho

O medo quer que eu feche as portas. Que feche as portas dos fundos e que sente no batente da porta da frente à espreita ou a espera. Quer que, ao subir as escadas, eu mantenha meus ouvidos atentos aos outros cômodos. Aos meus incômodos. É que ele pode chegar por qualquer lugar. Por uma fissura, pelas telhas e até mesmo pelas portas fechadas. Pelos buracos da minha cabeça ou pelas frestas das fendas de meus pensamentos. O medo, ele quer comboiar minha solitude e me deixar na solidão. Quer desertar o terreno da minha pulsação. E de perto ele estanca a cantiga do dia.

domingo, 8 de maio de 2016

Tríplice

Imagine um sentimento Capão. Verde. Verde não. Colorido. Ventre. Um sentimento rio. Fluxo de água corrente. Um sentimento de dobras. Curvas. Quinas. Três pontas. Todas as pontas. Todos encontros. Um sentimento adormecente. Um sentimento turbilhão. Um sentimento flor. A flor. O flor. No masculino. No feminino. Um sentimento fenda. Um sentimento ereto. Um sentimento feto. É sentimento vento. É sentimento tempo. É tento. Contento. Atento. É fato. É ato. É nau. É embarcação.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

"essa noite eu sonhei um sonho, minha sodade... ... foi um sonho adivirtido, minha sodade"


Sonhei que dançava por entre mortos. Todos roxos, insólitos. O odor insuportável de suas carnes putrefatas, corrutas, causavam viciosos giros das pontas dos pés ao centro do azeito estômago. Era como um magnetismo reconhecer rostos, corpos, partes geladas de entes quase queridos despedaçadas em todo chão. Era como uma música calada a profecia agourenta dos mortos.

domingo, 1 de maio de 2016

Mulher Búfala


Não conteste as minhas tetas.
Tampouco se meta a mergulhar no profundo abrir e fechar dos grandes lábios da minha buceta.
A minha figura nua é espelho do leite transbordado. Chifre fincado na cara dos mal amados, abortos, sepultados em noite de lua cheia. 


Menina

Preciso que se decida em nos arriscar
Porque o peso de teu corpo me perfura
E quando se debruça eu quero lhe adentrar
Eu preciso macular qualquer culpa
Porque o espaço oco entre o meu e o seu corpo
Permanece enloco a cada entardecer
Eu preciso que se assuma de mim faminta
Porque eu quero que a pele se rasgue
Que o sangue transborde
Que alcance a ebulição
E depois disso que você se derrame doce sobre meus lábios
E que me aperte enquanto eu lhe penetre
Dedos e língua e louca toda eu em você e em mim
Para revestir em calma o êxtase
Para renovar a ânsia
Vem que me precipito tua
Que te quero toda
Que te quero nua