sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Alegre, 19 de Novembro de 2015.

Festejo na povoação rural remanescente quilombola. Festa da consciência negra. Era noite, terreiro todo enfeitado com bandeirinhas e luzinhas em lugar quase desprovido de luz elétrica.
Noite escura, breu da rua. Festa de preto. Quase todos eram pretos. Todos eram pretos.
Teve desfile de meninas pequenas. Desfile da beleza negra. Era proibido alisar cabelo para desfilar. Medida drástica para menina pequena entender que cabelo de preto, de modo natural, pode ganhar concurso de beleza. Coisa que a TV - essa chega em qualquer lugar antes mesmo da luz elétrica - não vai dizer pra pequena preta menina.
E no meio do terreiro, a capoeira se abriu em roda linda, forte, grande. Era como tá numa senzala. Era a senzala. A senzala da casa grande deles. Era a terra deles. A terra reconhecida, demarcada, escriturada e festejada terra de preto.
Coisa mais linda de ver o pó subir a cada salto acrobático dos negos. Coisa mais linda de ver a luz da lua reluzir nos sorrisos alvos dos negos. Coisa mais linda.

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